domingo, 25 de maio de 2008

Óbvio Genial, Nova visão de Jacob Nielsen

Quando eu era moleque e tinha que fazer compras para minha mãe, ia até a o armazém do "português" na esquina (sim , porque em Sampa na década de 6O, em cada esquina tinha uma padaria, um armazém que invariavelmente era de português ou de espanhol e quitanda era de japonês) e detrás do balcão eu entregava a lista de compras . Instantes depois, recebia minha encomenda juntamente com o costumeiro "lembranças à família; interessante é que o "Seu Álvaro " (o dito cujo do português) sabia o nome de todos os clientes, seus gostos, preferências, em que dia iriam pagar, como pagavam etc - e olha que não sabia nada de marketing, CRM, ERP etc (acho que nem existia...)

Algum tempo depois inauguraram o primeiro supermercado do bairro: "Peg-Pag". Foi uma revolução, pois você pegava um carrinho e enchia com o que você queria e no final pagava direto no caixa; sensacional!!! Nascia um admirável mundo novo para o consumidor. Mas aí, infelizmente, os simpáticos "portugueses" desapareceram das esquinas porque não perceberam que os clientes gostaram do novo modelo e mudaram pros "Peg-Pag" da vida.

Os clientes são infiéis por natureza; alguns marqueteiros insistem que não, mas ao verem um modelo de compra novo com vantagens, bandeiam-se pro outro fácil, fácil. Os comerciantes que percebem as mudanças e adaptam-se são os que alcançam o sucesso; os que percebem e não mudam às vezes sobrevivem (aos trancos e barrancos), talvez pela inércia e os que insistem em não mudar simplesmente quebram.

O ECommerce nem se estabeleceu direito, ainda está fresquinho e já sofre mudanças violentas, quem precebe sai na frente. Jacob Nielsen, o "Papa da usabilidade", em recente relatório da Nielsen Norman Group, do qual é diretor, verificou em suas pesquisas que os usuários mudaram muito os seus hábitos de acesso e uso e que fatalmente afetarão as compras. Transcrevo abaixo alguns trechos da notícia veiculada pela Folha OnLine de hoje (25/05/08): "...Os usuários da internet estão ficando mais cruéis e egoístas, afirma o especialista em usabilidade Jakob Nielsen.

Segundo Nielsen, a mudança no comportamento dos usuários pode ser confirmada com base em diversos dados levantados pelo relatório.

O primeiro deles está relacionado com o sucesso dos usuários em conseguir atingir suas metas quando estão on-line. Os dados de 2008 indicam que este sucesso foi de 75%, comparados com 60% em 1999.

Isso indicaria que os usuários estão indo "diretamente ao ponto", ao invés de ficar navegando "à deriva" pelos sites.

Nielsen afirma ainda que outro indicativo do "egoísmo" dos usuários estaria relacionado aos sistemas de busca.

Segundo o documento, em 2004, 40% das pessoas visitavam primeiro a página principal de um site e depois navegavam até onde estava a informação que procuravam. Atualmente, 60% dos usuários usam um link que os leva diretamente para a página que procuram dentro de um site."

Atenção : Designers, Projetistas, Gerentes, sobrinhos e cunhados que fazem páginas....Já falei, "prestenção" agora: "os dados indicam que a maioria dos usuários quer acessar um determinado site rapidamente, completar uma tarefa e sair.

Ele ressalta ainda que grande parte dos usuários ignora os esforços dos designers dos sites para que eles passem mais tempo navegando no site e que suspeitam das promoções criadas para chamar a atenção.

Em entrevista à BBC News, o especialista afirmou que os usuários se comportam como se estivessem segurando uma "batata quente" -- apenas querem completar uma tarefa, o mais rápido possível.

As pessoas querem sites que vão direto ao ponto, elas têm pouca paciência..

O relatório de 2008 aponta que apenas 25% das pessoas navegam via página principal de um site, o restante usa mecanismos de busca e chega diretamente ao destino de interesse. "Agora, quando estão on-line, as pessoas sabem o que querem e como fazer para achar"

Apesar disso, Nielsen afirma que os sites ainda não vislumbraram esta realidade.

"Os designers e proprietários dos sites ainda pensam que possuem um site especial e interessante e que as pessoas ficarão felizes com tudo o que for jogado para elas", afirmou.

Nielsen destaca que os usuários estão ficando cada vez mais frustrados com todos os extras, como sinais sonoros e outras aplicações que estão sendo adicionadas ao sites para tornar suas interfaces mais amigáveis.

Segundo ele, esses adicionais apenas fazem com que a página demore a carregar e aumenta a impaciência dos usuários com relação ao site.

Um erro muito comum de muitos sites é ser projetado de acordo com uma visão técnica e não a visão do usuário, hoje ele usa e abusa das ferramentas de busca e vai direto ao ponto e "Bingo!", seu projeto de trocentas páginas foi pro espaço e pouca gente olhou, "Sorry!", faz parte. Tem um velho ditado lusitano que cabe perfeitamente neste contexto :" Quem não tem competência (ou não percebe as mudanças) não se estabelece" O usuário está mudando o jeito de acessar, de usar e fatalmente de comprar e você já percebeu isso ? Não banque o "simpático português " do início do texto porque ele fechou as portas!

segunda-feira, 19 de maio de 2008

Anonimo da Silva

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Privacidade é uma coisa muito interessante, quando não temos reclamamos, quando temos não notamos, quando pedimos somos chatos!

Ser um anônimo hoje em dia é uma raridade, está cada vez mais difícil . Já notou como ninguém percebe o avanço do Big Brother na sua vida (estou falando do Big Brother do George Orwell e não o da Globo, arghh...).

Quando vi o filme 1984 achei incrível a trama montada em cima da vigilância na vida das pessoas, o controle sobre seus atos, o cotidiano com censura, totalitarismo etc. Esse filme fez minha cabeça e até hoje lembro da cena das TeleTelas invadindo a vida das pessoas.

Na correria de hoje não notamos o avanço do Big Brother, é tanta coisa acontecendo ao mesmo tempo que a maioria ainda não se apercebeu da perda da privacidade. Aqui no Brasil são poucas as expressões na mídia sobre este assunto. Você é vigiado em ruas e lojas por inúmeras câmeras, sua identidade é rastreada em trocentos sites, tudo o que você faz na WEB é guardado, você nem nota e acha natural .

Já reparou no número de informações particulares que o Google, Yahoo, Microsoft e outros mais têm a seu respeito ? Ou você acha que quando apagou o histórico do browser apagou seus rastros ??? E se for no trabalho, piorou, porque além de saberem tudo, você ainda vai ser demitido por justa causa por usar a rede, equipamento e email corporativo para assuntos particulares.

Santa ingenuidade Batman... O que faço agora ?

Nada, por enquanto, nada, a sociedade ainda não se mexeu e não construiu nenhum instrumento hábil para proteger a individualidade, até lá, fica esperto e vê se não faz besteira porque o Grande Irmão tá de olho em você e em tudo que você faz, o que compra, quais são seus gostos, o que lê, quem são seus amigos, relacionamentos, onde trabalha, quanto ganha , etc etc etc... inclusive aquele site esquisito que você entrou só por curiosidade e nada mais.

Mudando um pouco a linha de pensamento sobre privacidade, certa vez conversando com uma amiga alemã ela achou muito estranho um hábito muito comum de nós brasileiros, no meio de tantos hábitos incomuns da nossa terra tupiniquin perguntei, já meio ressabiado, qual ? - ela então respondeu: o de fornecer o número do CPF e identidade (RG) pra quem pedir, seja lá pra quem for ou pro que quer que seja ! Até mesmo no preenchimento de cupom para sorteio em shopping!!???

Na hora não me toquei e achei estranho, mas ela me contou que como cidadã européia e tendo viajado muito pelo mundo, acha muito estranho que nós não nos importássemos e, o que é pior, não déssemos o devido valor à privacidade de nossos documentos básicos e que isto para um europeu é fundamental.

Durante a conversa ela citou que durante um determinado censo na Alemanha alguns grupos de cidadãos negaram-se a fornecer informações consideradas de cunho privado ao estado, visto que o mesmo não tem nada que se meter com sua vida particular. Pesquisando sobre isto descobri outras entidades nos EUA, mas "aqui em Pindorama", nada, nadica de nada, a não ser uma ou outra manifestação isolada.

Quer dizer que : além de nos vigiarem à vontade eu ainda forneço informações a torto e a direito? YES!! Como diria o Chico Anisio: "Te cuida Latorraca ".

Pense nisso na próxima vez que uma atendente de Telemarketing pedir gentilmente : só pra confirmar nos nossos registros, poderia estar nos fornecendo o seu CPF (maldito gerúndio!). Outro dia perguntei por que e me neguei a fornecer e continuei a ser atendido normalmente; a garota do outro lado achou estranho e falou que não haveria nenhum problema em a empresa ter meu CPF, é normal estar fornecendo informações (de novo, maldito gerúndio).

Cuidado, a perda de privacidade parece diabetes, você não percebe que tem e quando descobre a "nhaca" já esta espalhada, fez todos os estragos possíveis e não tem volta; só lhe resta conviver com a dita cuja.

sábado, 17 de maio de 2008

Mar de Informação

Moro em Florianópolis, cidade privilegiada no que se refere a praia e outro dia estava caminhando na praia de Canasvieiras e, ao olhar para o mar, verifiquei o que qualquer criança sabe: Tanta água e não posso beber nada, nem uma gota ... a menos que se filtre, dessalinize etc.

Pensando melhor, acho que uma criança não sabe o que é dessalinização, mas tudo bem.

Daí conclui como o mar tem a ver com TI e principalmente com a WEB.

Por favor, não pensem que fiquei louco, não bebi, não fumei e nem cheirei nada, apenas abstraí que a Web é um oceano de informação e que se você quiser "beber" água potável tem que filtrar muito, porque volume de informação não quer dizer necessariamente conhecimento relevante que se aproveite.

Pesquisando sobre este insight encontrei uma citação de John Naisbit no livro "Blog Corporativo (1)" - uma frase que resume muito bem minha analogia  :
"Estamos nos afogando em informação mas famintos por conhecimento"

Muita gente confunde informação com conhecimento; não estou sendo radical, apenas realista. Toda informação tem seu grau de importância pessoal de acordo com o contexto de quem a lê e não estou julgando isso.

Meu pai um dia me falou : "Dize com quem andas e te direi quem és". Bonita frase de efeito, antiga, mas se mudarmos para: "Me mostre aonde navegas e o que lês e te direi quem és", a coisa fica mais clara?

Não arrisco dizer uma porcentagem de quanto de irrelevante, ou melhor, coisas sem importância, circulam na WEB, primeiro porque não existem estatísticas confiáveis e segundo o que é irrelevante para mim pode ser não ser para outras pessoas, é óbvio.

Quando você  pensar em discriminar ou valorar o que o outro lê isto se transforma numa coisa muito feia e perigosa chamada censura e aí “a vaca vai pro brejo...”

Assim como nem tudo na vida é trabalho, como ficam a diversão, os chats, blogs, sites de relacionamentos, jogos etc ? Onde entra esse maravilhoso mundo da comunicação que a WEB trouxe? Eles não valem nada ? Claro que valem e muito, eles geram informação que, acumulada e transformada com o tempo, gera subsídios para o conhecimento que você irá utilizar ou não, a bel-prazer do seu livre arbítrio.

A produção e disseminação de informação dos últimos 10 anos a disposição do homem comum supera tudo o que já foi feito antes. Fazendo uma analogia sobre relevância, pergunto se você consome apenas água para viver ?

Claro que não, mas se você for abstêmio, cerveja e vinho são irrelevantes e inúteis; mas do ponto de vista de um enólogo a vida não teria sentido sem uma taça de vinho e tanto um como outro não têm o direito de questionarem seus "gostos" - lembra do livre arbítrio, respeito etc ?

Só pra fechar, Vinícius de Moraes dizia que Whisky é o cão engarrafado, ou seja, o melhor amigo do homem. Isso é que é analogia relevante apoiada no conhecimento etílico!

1 - "Blog Corporativo" / Fabio Cipriani, São Paulo,Novatec
Editora, 2006